Fernando Ulrich nasceu em
berço de ouro: é descendente de uma família ligada à banca e às finanças, em
Portugal desde meados do século XVIII, originária da Hamburgo, na Alemanha. É
unido por laços familiares à família Mello. O seu avô paterno foi administrador
do Banco de Portugal e o materno estava ligado às áreas da corretagem e
seguros. O seu pai, João Ulrich, foi director da Tabaqueira, uma das empresas
do império CUF.
Fernando Ulrich estudou num
dos melhores colégio privados do país, João de Deus, no Monte Estoril, e daí
seguiu para o ISE, sem concluir a licenciatura. Surge depois no "Expresso" sob
pseudónimo, onde chegou a responsável pela secção de Mercados Financeiros. Em
seguida foi técnico do Secretariado para a Cooperação Económica e,
posteriormente, assessor do embaixador de Portugal junto da OCDE, em Paris,
como responsável pelos assuntos económicos e financeiros e, mais tarde ainda,
chefe de gabinete dos ministros das Finanças e do Plano dos governos Balsemão,
João Morais Leitão e João Salgueiro. Transitou em 1983 do gabinete ministerial
para a Sociedade Portuguesa de Investimentos, com Artur Santos Silva, que vem a
dar origem ao BPI. Em Abril de 2004, e já com o cargo de vice-presidente,
Fernando Ulrich tornou-se presidente do BPI.
Fernando Ulrich sempre foi
publicamente identificado com o PSD e é fundador da iniciativa Compromisso
Portugal. Provocou polémica com algumas propostas radicais em matéria laboral,
no sentido do corte nos vencimentos dos assalariados, da liberalização total
dos despedimentos colectivos e individuais, no sector público e no privado, embora
“com avisos antecipados e indemnizações” para que a medida não signifique “um
regresso ao século XIX”.
Fernando Ulrich apresentou
as contas do BPI nos primeiros nove meses do ano. O banco teve 117,1 milhões de
lucro, mais 15,3% do que no mesmo período de 2011 e eliminou 64 postos de trabalho
neste período (desde 2008 já eliminou 1172). O banqueiro disse que o BPI
aproveitou para comprar dívida portuguesa “com grandes descontos” e estas
operações financeiras traduziram-se num lucro significativo. Ulrich também
louvou o governo e pressionou o Tribunal Constitucional, clamando que teme a
possibilidade de haver uma “ditadura do Tribunal Constitucional”.
Fernando Ulrich, falando
esta terça-feira na conferência “III Fórum Fiscalidade Orçamento do Estado -
2013”, perguntou retoricamente se o país aguenta mais austeridade e a resposta
foi “Ai aguenta, aguenta!”. “Não gostamos, mas [Portugal] aguenta, e choca-me
como há tanta gente tão empenhada, normalmente com ignorância com o que está a
dizer ou das consequências das recomendações que faz, a querer-nos empurrar
para a situação da Grécia”. Seguindo o mesmo raciocínio, acrescentou que fica
“absolutamente boquiaberto” perante pessoas com tanta responsabilidade,
“raramente da maioria ou no poder”, que fazem recomendações e considerações que
“terão como consequência levar Portugal, num tempo relativamente curto, para a
situação da Grécia”.
Fernando Ulrich é assim.Temos de o aguentar?
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